O "Pra Sempre" ... sempre acaba!
Um dos grandes amigos que tive na vida, e que já não está
mais aqui, me disse uma vez, numa dessas conversas de fim de noite, em porta de
bar, que eu, que até então acreditava piamente no “e foram felizes para
sempre”, tinha que “me bastar”, que não esperar nada de ninguém, que ser a minha prioridade e que aprendesse a
pautar a minha vida nos meus sonhos, porque não se pode ter certeza de nada em
relação a quem quer que seja.
Aquilo pra mim foi, apesar do teor alcoólico elevado, um
banho de água fria e, de verdade, mudou completamente a minha forma de
“enxergar” e viver as minhas relações. É claro que, às quatro da matina, com a
make vencida e uma roska na mão, achei que ele andava amargo demais, mas
nenhuma daquelas palavras saiu da minha cabeça, porque eu sempre fui do tipo
que acredita em contos de fada, que sonhava com o “dois como um só”, que se
doava demais e esperava exatamente o mesmo dos outros… Ou seja, eu era
exatamente como 99% das meninas que, por trás de uma armadura, escondia um
romantismo” incurável”.
Não é o amor que sustenta o relacionamento. É o modo de se relacionar que sustenta o AMOR!!
E era aí que estava o erro…
Conversamos sobre isso muitas vezes depois e, apesar de uma
certa relutância, eu pude entender de verdade tudo o que ele tentava me
mostrar.
O fato é que a gente sempre começa as nossas relações
acreditando que será pra sempre e investindo tudo nisso sem ao menos cogitar a hipótese de que, não se sabe quando
ou porquê, ela pode acabar. Nós traçamos planos juntos, e esquecemos dos
nossos, nós ficamos cada vez mais dependentes emocionalmente da outra pessoa,
como se a nossa existência dependesse do amor dela, nós passamos a priorizar a
relação e pensar como casal e não como o que nós somos: indivíduos.
Indivíduo que, assim como qualquer outro, cresce, evolui e
muda. E quando muda, muda de sonhos, muda de planos e muda de amores, porque
ninguém pode garantir, ninguém pode, como bem diz Raul,” jurar o seu amor”,
porque sentimento a gente não controla, acontece, e quando acontece, sinto informar,
não há o que fazer.
Cada uma de nós, que culturalmente fomos ensinadas a nos
doar mais e mais, a priorizar o outro e a ceder sempre, precisa aprender a ser
prioridade em sua própria vida, a entender que somos nós a pessoa mais
importante de nossas vidas, e que isso não é egoísmo, é “autoamor” É por não
entender que o “pra sempre” pode acabar, e que isso não tem como prever, que muitas mulheres surtam quando seus
relamentos acabam. Nada mais natural, já que ela deixou de ser quem sempre foi,
deixou de sonhar, deixou de se priorizar, deixou de ser um indivíduo e colocou
TODA a sua vida, todo o seu mundo, todo o seu “tudo” nas mãos de outra pessoa.
Quando acaba ela tem o quê? Nada. Ela é o quê? Uma sombra de algo que não
existe mais.
Pode parecer “racional” demais, pode parecer “negativo” até,
porque a gente quer mesmo que seja eterno, mas é a realidade. Não há como
prever se daqui a 2, 10 ou 20 anos você
vai amar a mesma pessoa ou se a mesma pessoa vai te amar, então, viva suas
histórias, case, tenha filhos, faça como você quiser, mas sabendo continuar a
ser um indivíduo com sonhos próprios,
amigos próprios, desejos próprios e vida própria.
Beijos
Ju
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