Conselhos (4)
Em primeiro lugar, chore.
Nada pode ser mais importante que a lágrima – o estado
líquido da alma -, para lavar o teu rosto, já cansado de tanto penar. Chore
para compreender e, também, para desabafar. Chore para desentristecer e para
desanuviar. Chore para esquecer e, não importe-se em chorar novamente, quando –
certamente – lembrar. Encoste a tua cabecinha no ombro de alguém e chore, ou
chore só – se assim preferir, mas, jamais envergonhe-se das tuas lágrimas, tão
preciosas e pessoais, tão somente tuas – representações sentimentais. Chore até
chover tanto nas tuas encostas, que as tuas lágrimas soterrem em ti – até nunca
mais serem encontradas – todas as coisas que tanto adoecem-te e, por serem
vitais, não podem simplesmente serem arrancadas. Chore com consciência de que
as tristezas não desaparecem no ar, mas – independentemente – não podem
impedir-te de continuar. Chore durante o dia inteiro – se achar necessário – e,
se por acaso as tuas lágrimas secarem, não preocupe-se, é que a tua alma está
recuperando-se – ainda que o teu corpo continue a soluçar.
Perdoe.
Perdoe para elevar e para – enfim – dormir. Perdoe para
descansar e para – então – sorrir. Perdoe-se todos os dias, por não viver como
se fossem os teus últimos dias, mas prometa-se – também diariamente – a jamais
deixar de olhar para a frente. Perdoe aquele que te fez mal, com o mesmo amor
que perdoa-se, para que um dia o teu perdão seja capaz de amar – tanto quanto
você é. Perdoe de coração para coração, e não de boca para a boca. Perdoe e
ofereça uma mão, escondendo sempre a outra. Sempre que alguém perdoa, uma
esperança é semeada – na horta do teu próprio coração. Sempre que um coração é
perdoado, teu adubo é fortificado e, faz brotar em si, a planta de uma nova
construção. Seja capaz de perdoar e, conseguirá, dormir – novamente – como uma
criança. Aprenda a perdoar e, enfim terá, a chave da tua própria esperança.
Não prive-se.
Não engaiole o teu coração no teu peito – muito menos no
peito de outra pessoa -, passarinho que é, o coração é feito para ser livre e
voar – respeitando sempre o tamanho das tuas próprias asas. Não empedre o teu
coração, pois estátuas não podem sofrer, mas também não são capazes de viver e,
tampouco de amar. Esteja ciente de que o passado – por pior que tenha sido –
não pode manter-se eternamente presente e, você, é diretamente responsável por
tudo que virá pela frente. Viva, viva com vontade e, procure irradiar as tuas
mais bonitas energias, para que assim, outras bonitas energias cruzem os teus
caminhos. Vá a novos lugares e conheça novos – e arrebatadores – olhares.
Precisamos tanto de companhia, quanto de solidão, em doses precisas, que só
podem ser receitadas por nós – para uma boa saúde do nosso próprio coração.
Por último (e não menos importante), ame.
Ame para estancar e para reconstituir. Ame para levantar e
ame para prosseguir. Ame para proteger e para libertar, mas, jamais, deixe a
falta impedir-te de amar. Encante-se pelas flores dos teus jardins e, não passe
nem um dia sequer, sem semear por aí, todo o amor que brota em ti. Ame-se por dentro
e por fora, não espere por uma mudança, ame-se agora. Seja capaz de amar as
tuas imperfeições e, conseguirá, entender – também – as que não são tuas. Seja
capaz de amar as tuas limitações e, alcançará, a luz natural das tuas próprias
ruas. Ame-se no espelho e, também, sem observar-se. Ame-se hoje, como se
amanhã, não fosse mais encontrar-se. Ame – simplesmente – por saber, que somos
capazes de amar e, entenda que para vencer – muitas vezes – precisamos recuar.
Ame-se – enfim – por ser, toda a verdade que pode haver, nas tuas infinitas
possibilidades de amar.
Comentários
Postar um comentário